Por Paula Bellizia – Muitos anos antes de ser executiva de uma empresa de tecnologia, fui aluna do Centro Paula Souza, instituição do estado de São Paulo que administra escolas técnicas e faculdades de tecnologia. Naquela época não usávamos a tecnologia no dia a dia do ensino. Sempre julguei ter recebido uma boa formação mas, conversando recentemente com a diretora do mesmo Centro Paula Souza, vejo como a tecnologia mudou a forma de ensino. A instituição – pública, vale reforçar – hoje oferece jogos digitais educativos, cursos massivos à distância (Moocs- Massive Open Online Courses) e ambientes virtuais de aprendizagem.
A tecnologia jamais substituirá o ato de ensinar e muito menos o professor. A importância da educação é indiscutível: acredito ser o alicerce para o desenvolvimento do Brasil e a tecnologia pode contribuir de diversas formas para esta jornada. Para alunos, ela cria aulas mais intuitivas, capazes de prender o interesse e, assim, facilitar a absorção de conhecimento. O e-learning proporciona uma experiência complementar à sala de aula, larga escala para treinar professores e ampliar o acesso à educação de qualidade para estudantes em lugares distantes. Além disso, a tecnologia na sala de aula prepara o estudante para usar diversas ferramentas que no futuro estarão presentes em sua rotina profissional.
A rápida evolução digital abre novas possibilidades. O uso de um serviço de tradução em tempo real, já disponível pelo aplicativo Skype, rompe barreiras e possibilita interações entre alunos e professores de diferentes países. As tecnologias de tradução permitem acesso ao conhecimento em diferentes idiomas. Já existem casos de experiências de comunicação em sala de aula entre alunos de diferentes países e esta será, sem dúvida, uma área de crescimento exponencial. Uma revolução.
No Brasil, uma professora de São Paulo faz teleconferências dos seus alunos do quarto ano do ensino fundamental com crianças da mesma série de uma escola indígena no Pará e os meninos e meninas de realidades tão diferentes podem trocar conhecimentos e criar desde a infância uma sociedade mais inclusiva e diversa. Muito em breve teremos ferramentas de conteúdo holográfico em 3D, que abrirão novas oportunidades na educação. Em faculdades de medicina que adotam esta ferramenta no ensino de anatomia, por exemplo, alunos e professores relatam que uma sessão de 15 minutos com esta tecnologia traz uma compreensão melhor do que dezenas de horas no laboratório convencional.
Entre as experiências já disponíveis em larga escala, um professor pode compartilhar arquivos na nuvem com os alunos e promover o acesso a materiais que até há pouco tempo eram impressos. Se desejar, o professor pode oferecer materiais complementares, e bibliografias para pesquisa, incentivando o estudante a se aprofundar nas disciplinas. Esse mesmo mecanismo concede ao professor a possibilidade de entender melhor os interesses de seus alunos de forma menos intuitiva e mais analítica, já que ele pode verificar o acesso aos documentos e o tempo desprendido em cada um.
A tecnologia, com o acesso à linguagem de programação, pode contribuir muito para o desenvolvimento de habilidades e competências como o raciocínio lógico e a capacidade de resolução de problemas. Temos exemplos de professores que utilizam o jogo Minecraft na sala de aula para ensinar diversas disciplinas. Eles aproveitam o engajamento com o game, que reúne milhões de usuários, para trazer aprendizado e evitar dispersão. Recentemente, conheci a história de um professor de um colégio de ensino médio em São Paulo que utiliza o Minecraft em sala de aula e tem obtido ótimos resultados. Com o jogo, alunos desenvolvem habilidades para a solução de problemas lógicos e sua criatividade é estimulada. Esse professor ensina uma variedade de temas, desde conceitos de proporção e escala até de cidadania digital. Por intermédio do mundo virtual, os estudantes podem simular situações do mundo real e, quando essa atividade é pautada em conceitos teóricos, o conhecimento acontece.
Acredito que, por meio da tecnologia, é possível criar novas oportunidades, tanto para lecionar, quanto para aprender, despertar a curiosidade, levar novos aprendizados e provocar um turbilhão de ideias. E, quando uma ideia vira um projeto, esse aluno realizar seu potencial, se tornar um grande empreendedor em qualquer área da sociedade e melhorar o mundo à sua volta. Temos um compromisso com este ciclo virtuoso de educação, impulsionando a inovação e empreendedores para contribuir com o futuro do Brasil.